A recente fusão entre a Dentons e a Dacheng, que deu origem à maior sociedade de advogados do mundo em efetivos, é o tema de capa da mais recente edição do Advocatus. Um tema abordado através de uma entrevista com o CEO e Chairman da Dentons, Joseph Andrew e Elliotr Portnoy, e completado com testemunhos dos parceiros nacionais das duas firmas: Luís Sáragga Leal, pela PLMJ (parceira da Dacheng), e Vítor Marques da Cruz, pela MC&A (parceira da Dentons).

“A parceria entre a MC&A e a Dentons só tende a sair mais fortalecida”, afirma o fundador da MC&A, Vítor Marques da Cruz, a propósito desta fusão da firma anglo-saxónica com a chinesa Dacheng. E explica porquê: “No caso concreto da assessoria a empresas chinesas, a MC&A terá certamente oportunidade de fazer parte de uma estrutura que permita a estes investidores facilitar a realização de operações no mercado africano, pela vantagem associada à presença física dos nossos escritórios. Ao contratarem um escritório associado à Dentons, as empresas estão na verdade a contratar a possibilidade de contarem com uma equipa multidisciplinar localizada em diversas partes do mundo que partilham da mesma dedicação, princípios e qualidade de trabalho”.

Vítor Marques da Cruz entende mesmo que a sua sociedade, pelo facto de ser o único escritório português e do mundo lusófono associado à Dentons, irá beneficiar do acesso a novas geografias, neste caso ao mercado chinês, que conta com muitos investidores interessados no mercado africano. Especifica, a propósito, que esse interesse, especialmente por parte de empresas públicas, recai sobretudo nas áreas dos recursos naturais, energia, infraestruturas e construção. “Estando a MC&A presente em cinco jurisdições africanas, esta fusão permite-lhe um acesso efetivo a estas empresas e investidores chineses, em conjunto com as equipas de advogados que já os assessoram, para poder acompanhar tais investimentos em África”, adianta.

Na sua opinião, esta operação é de grande importância para os escritórios que agora fazem parte desta mega rede de advocacia, e também para os seus clientes que mantêm negócios em diversas geografias. “É visível que estamos perante uma globalização dos serviços de advocacia, o que reflete não só a importância da economia chinesa em contexto mundial, mas também a necessidade de uniformizar procedimentos e aproximar sociedades que têm diversas formas de praticar advocacia e tratar os mais variados assuntos jurídicos”, equaciona. Não obstante, crê que “dificilmente” uma fusão como esta será replicada por outros por outros escritórios, pela dimensão das partes envolvidas. Extrapolando para a realidade nacional, Vítor Marques da Cruz acredita que se podem vir a realizar fusões, que envolvam eventualmente parcerias com escritórios internos que tenham ligações a outros mercados. No entanto, rejeita como pouco viáveis fusões de grandes escritórios de advocacia para tratamento exclusivo de assuntos jurídicos afetos ao mercado nacional.1616

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